Nefrologia Pediátrica é a especialidade clínica que atende às crianças que têm doenças relacionadas ao trato urinário.
O trato urinário é composto, de uma maneira simplificada, pelos rins, ureteres, pela bexiga urinária e pela uretra. Uma doença do trato urinário pode se manifestar através de infecções urinárias, pressão arterial alta, incontinência urinária ou dificuldade para urinar, sangue eliminado junto com a urina, perda de proteínas e outras substâncias anormais na urina.
O nefrologista pediátrico, através das informações dadas pelos pais, do exame físico da criança e, muitas vezes, com o auxílio de exames laboratoriais e exames de imagem, pode estabelecer o diagnóstico e o tratamento. Conforme cada caso, esse tratamentoé acompanhado de modificações do estilo de vida e de medidas preventivas.
Alguns exemplos de doenças tratadas pelo especialista em Nefrologia Pediátrica:
• Bexiga Neurogênica;
• Cálculo renal (litíase renal);
• Enurese Noturna;
• Glomerulopatias;
• Hipertensão Arterial;
• Infecção do Trato Urinário (infecção urinária);
• Insuficiência Renal Crônica (doença renal crônica);
• Rim Único;
• Sindrome Nefrótica;
• Tubulopatias (acidose tubular renal).
O pediatra ou o neonatologista encaminham a criança ao especialista em Nefrologia Pediátrica; outras vezes, a criança vem após achados ocasionais de exames alterados, relacionados ao trato urinário, ou devido aos sinais e sintomas indicativos de alguma anormalidade.
Os pais também devem levar a criança ao nefrologista pediátrico se notarem as seguintes alterações: a criança passa várias horas sem ir ao banheiro (mais de 6 horas) ou vai ao banheiro a intervalos muito curtos e a todo o momento; se o jato do “xixi” é entrecortado e fraco; se a criança apresenta dor ou ardência ao urinar, mesmo após o tratamento de infecção urinária; se a urina produz espuma, sangramento ou se apresenta partículas
visíveis, como areia, e se na família há antecedentes de cistos nos rins ou doença renal de transmissão familiar (hereditária).
Hidronefrose é uma dilatação da via urinária alta (bacinete e ureteres). Quase sempre é determinada por um processo obstrutivo mecânico na via correspondente. Pode ser uni ou bilateral.
Procure seu médico para diagnóstico e tratamento correto pois pode ser consequencia de vários outros processos patológicos.
Hoje é muito comum o achado ante natal de hidronefrose (dilatação dos rins). Este achado pode ser unilateral ou bilateral.
Normalmente não é grave mas necessita ser investigada a causa e o local destas dilatações.
As causas mais comuns são: obstrução na saída dos rins, dilatação do ureter por obstrução do mesmo na entrada da bexiga, refluxo vesico ureteral ou ainda obstrução na uretra; além de outras possibilidades.
O diagnóstico do problema, em cada caso, somente será possível com a devida investigação.
Normalmente estes pacientes necessitam acompanhamento ambulatorial por algum tempo. Nem sempre necessitam procedimento cirúrgico.
Sim. A infecção urinária é um dos principais motivos de procura do Nefrologista Pediátrico.
Podemos dividir as crianças em dois grupos. Os recém nascidos e lactentes que apresentam episódios de Infecção Urinária com febre nos primeiros meses de vida devem ser investigadas pois muitas vezes estas crianças apresentam anormalidades no trato urinário tais como: dilatações, refluxo vésico ureteral dentre outras causas.
Nas crianças que iniciam os episódios de Infecção Urinária somente a partir dos 3 a 4 anos de idade; normalmente a causa destas infecções estão relacionadas a maus hábitos como por exemplo: constipação severa e crônica, esvaziamento infrequente da bexiga, bexiga instável e outras causas.
A investigação é importante porque a Infecção Urinária principalmente nos recém nascidos e lactentes; podem ocasionar lesões (cicatrizes) as quais podem compromenter a função dos rins destas crianças.
A perda de urina durante o dia em crianças acima de 3 anos não é normal e deve ser investigada.
Trata-se daquelas crianças que já deveriam ter adquirido controle esfincteriano mas persistem com elevado número de micções durante o dia e apresentam-se frequentemente com perdas urinárias involuntárias e necessitam a troca de roupa com muita frequência.
As causas mais frequentes são: bexiga hiperativa e bexiga neurogênica principalmente em pacientes portadores de Mielomeningocele. Estes pacientes necessitam investigação e tratamento tendo como objetivo mante-la o mais seca possível durante o dia e também o que é extremamente importante a preservação da função dos rins.
O tratamento da enurese noturna esta indicado a partir dos 5 anos de idade.
Depende também da maturidade da criança pois a mesma precisa estar motivada e participar ativamente do tratamento.
O tratamento a partir dos 6 anos é importante porque a partir desta idade; a criança que continua urinando na cama pode apresentar alteração de comportamento tais como: baixa auto estima, baixo rendimento escolar dentre outros. No entanto, estas crianças permanecem completamente secas durante o dia e perdem urina somente durante à noite.
Sim, é recomendado que “todos” os pacientes portadores de Mielomeningocele (Spina Bífida) sejam, precocemente, encaminhados e avaliados por profissional especialista o qual avaliará o paciente e solicitará exames de imagem pertinentes ao quadro. Uma vez realizada a investigação; medidas serão tomadas para preservar a integridade do sistema urinário.
Praticamente todos os pacientes que nascem com Mielomeningocele (Spina Bífida) são portadores de alguma disfunção da bexiga, ou seja, são portadores de Bexiga Neurogênica.
Esta patologia pode afetar o controle urinário (incontinência urinária), a qualidade de vida e pode levar à alteração progressiva de todo trato urinário. Como consequência deste processo; comprometimento da função renal e o desenvolvimento da Nefropatia Crônica.
Cerca de 30 a 40% da crianças com Mielomeningocele desenvolve algum tipo de disfunção da bexiga.
Um dos maiores avanços no tratamento dos pacientes portadores de Bexiga Neurogênica em decorrência da Mielomeningocele é a Sondagem da Bexiga de forma intermitente também chamado de Cateterismo Vesical Intermitente o qual esta indicado, em muitos casos, logo após o nascimento do bebê.
O objetivo do cateterismo no recém nascido e também em crianças maiores é diminuir o risco de Infecção urinária e a distensão excessiva da bexiga que pode ocasionar o Refluxo Vésico Ureteral, a dilatação de todo sistema urinário e o comprometimento da função dos rins.
Estudos mostram que o cateterismo vesical precoce, antes de 1 ano de vida, foi associado com menos alterações no trato urinário comparado com início tardio do cateterismo após os 3 anos de vida.
1. O que é um Nefrologista?
É a área da medicina que estuda e pesquisa o funcionamento dos rins e doenças renais.
A palavra Nefrologia origina-se do termo Néfron o qual é a unidade funcional do rim. De uma forma simplificada o rim é um grande filtro com cerca de 1 milhão de pequenos filtros os quais chamam-se de Néfron.
Os Rins são essencialmente órgãos de limpeza ou purificação do sangue.
Uma artéria do coração leva o sangue para ser purificado nos rins, através de uma rede de milhões de pequenas unidades chamadas Néfrons. Os Néfrons filtram as toxinas, o excesso de nutrientes e líquidos corporais, eliminando-os sob a forma de urina na bexiga. O sangue limpo e filtrado retorna para a circulação sanguínea corporal, através das veias renais.
2. Quando procurar um Nefrologista?
Deve-se procurar um Nefrologista quando alguns destes sintomas, abaixo relacionados, ou se for portador de hipertensão arterial sistêmica, diabetes, cálculos renais, cistos renais ou história familiar de doença renal:
– Sintomas para urinar.
– Acordar para urinar com muita frequência.
– Urinar com sangue ou cor de coca – cola.
– Inchume(edema) nos membros inferiores.
– Dor em cólica sem eliminação de cálculo.
– História de cálculos de repetição para diagnóstico da causa.
– História de doença renal familiar policística.
– Exame de ultrasson que mostre rins aumentados ou diminuídos de volume, presença de cálculos, tumores ou cistos.
– Crianças ou adultos com história de infecção urinária de repetição.
3.Quais são os sintomas causados por doenças nos rins?
Inchaço.
– Anemia com aspecto de palidez anormal.
– Pressão alta.
– Fraqueza e desanimo.
– Náuseas, vômitos e cãimbras.
– Urina cor de coca – cola ou com aspecto sanguinolento.
– Levantar muitas vezes para urinar durante à noite.
– Urina espumosa.
4. Quais são os sinais e sintomas da Doença Renal Crônica?
A DRC é silenciosa, ou seja: não apresenta sinais nem sintomas nas fases iniciais. A maioria das pessoas não tem sintomas até que a doença esteja em fase avançada. A forma mais fácil e de baixo custo de descobrir a Doença Renal Crônica é através dos seguintes exames: exame qualitativo de urina e dosagem de creatinina no sangue este último é o marcador da função renal.
A DRC, quando diagnosticada precocemente, tem tratamento e pode ter cura. Todas as pessoas com risco elevado da Doença Renal Crônica devem realizar exame qualitativo de urina e dosagem de creatinina no sangue, pelo menos uma vez por ano, mesmo sem apresentar qualquer sintoma.
Os principais sinais de doença renal crônica incluem:
– Pressão arterial elevada.
– Inchaço da face e tornozelos.
– Inchaço em torno dos olhos.
– Aumento da frequência urinária, principalmente à noite.
– Palidez, cansaço, falta de apetite, emagrecimento.
– Enjôo, vômitos, principalmente pela manhã.
5. O que são pedras nos rins?
Pedras nos rins ocorre quando substâncias como cálcio, ácido úrico e outras, formam cristais na urina. Essa doença é chamada de litíase renal e pode evoluir para Doença Renal Crônica se a formação dos cálculos for frequente.
As pedras nos rins, ou cálculos renais, podem ser grandes ou pequenas. As maiores podem danificar os rins; se forem pequenos, são muitas vezes eliminadas com ou sem sintomas (dor). Como os cálculos são espiculados, ou seja irregulares, podem ocasionar dor intensa quando são expelidos na urina, causando cólicas renais.
O tratamento depende das anormalidades metabólicas diagnosticadas durante a investigação de cada paciente. Portanto, nos pacientes formadores de cálculos renais; a investigação é muito importante pois pode-se identificar a causa metabólica. O tratamento adequado impede a formação de novos cálculos.
6. O que é insuficiência renal crônica?
É a perda da função renal.
No inicio da doença os pacientes não apresentam sintomas que permitam suspeitar da mesma. Entretanto com o passar do tempo a pessoa passa a apresentar anemia, inchaço (principalmente nas pálpebras e tornozelos), fraqueza, indisposição, pressão alta e na maioria das vezes diminuição do volume de urina. No estagio, mais avançado, talvez o paciente necessite de tratamentos substitutivos para a função renal tais como: diálise peritoneal, hemodiálise ou transplante renal.
7. O que é hemodiálise?
É a filtragem do sangue através da máquina. Nesta máquina é colocado um filtro (capilar) por onde passam o sangue do paciente e o liquido de dialise.
Neste filtro além de se remover a ureia e creatinina também se remove o excesso de liquido no sangue, que se acumula em virtude de que o paciente já não urina suficientemente. Normalmente o paciente faz três sessões de
hemodiálise / semanal com duração de 4 horas.
8. O que é diálise peritoneal?
A diálise peritoneal é feita em ambiente domiciliar, após o treinamento do paciente e familiar pela equipe de enfermagem e médico na clínica de nefrologia.
Através de cateter implantado no abdômen do paciente é feita a colocação do líquido de diálise e após 6 horas é drenado já com as impurezas do sangue.
Pode ser feita manualmente (CAPD) com trocas repetidas 6/6 horas do líquido de diálise ou por máquina (APD) que normalmente é feito à noite enquanto o paciente dorme.
Todas as modalidades de tratamento são oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
9. Como prevenir doenças renais?
É fundamental que se conheça os fatores de riscos de Doença Renal Crônica.
Evitar ou tratar esses fatores é a única forma de prevenção. Os principais fatores de risco são a hipertensão arterial, o diabetes e doenças familiares, mas obesidade, fumo, uso de medicações nefrotóxicas como por exemplo o uso excessivo de anti inflamatório não hormonal (Diclofenaco, Ibuprofeno, Alivium e etc…) e outros fatores também podem comprometer a função renal.
As práticas recomendadas incluem:
• Praticar exercícios físicos regulares.
• Dieta com pouco sal.
• Controle de peso corporal.
• Controle da pressão arterial.
• Controle do colesterol e da glicose.
• Não fumar.
• Não abusar de bebida alcoólica.
• Evitar o uso de anti-inflamatórios não hormonais.
• Realizar uma vez por ano, exames laboratoriais para avaliar a saúde dos rins: dosagem de creatinina no sangue e exame qualitativo de urina.
Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo – RS no Ano de 1979, Fellow em Nefrologia Pediátrica no Guy’s Hospital. Universidade de Londres.
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